Design Thinking: um percurso metodológico

O Design Thinking (DT) é um processo amplamente aplicado na área do Design e muito utilizado para conceber serviços e produtos voltados para o mercado. Sua proposta envolve conhecer de maneira mais profunda o usuário/cliente e desenvolver, baseada nos elementos dessa pesquisa, uma solução para atender um determinado problema, uma necessidade ou uma oportunidade como menciona Cavalcanti e Filatro (2016, p. 20) sobre DT:

DT é um processo, um modo de pensar, métodos e estratégias. A articulação desses aspectos visa colocar as pessoas e suas necessidades no centro do desenvolvimento de um projeto, de forma que usem a criatividade para gerar soluções e empreguem a razão para analisá-las e adaptá-las ao contexto real.

A expressão Design Thinking surgiu na década de 90, com a empresa IDEO, na Califórnia, onde se localiza o Vale do Silício. Neste solo fértil para inovação, o DT encontrou caminhos para popularizar-se e chegar a empresas e faculdades como uma nova forma de pensar em soluções para os problemas emergentes. Esta divulgação na forma de projetar produtos e serviços com foco no usuário/cliente, democratizou este processo e saiu das “mãos de profissionais especializados ao permitir que seus princípios sejam adotados por pessoas que atuam em áreas variadas” (CAVALCANTI; FILATRO, 2017, p. 3).

Ling (2015) menciona que DT é um processo que pode resolver problemas sociais, negócios e serviços, processos e operações, questões situacionais. Na Educação, o DT também tem sido empregado em escolas para resolver questões específicas, como aumentar a participação dos alunos para na resolução de problemas da escola, desenvolver projetos mais significativos para os alunos envolvendo temas dentro dos seus contextos etc. (Design Thinking para Educadores, 2019)

Além disso, é um processo cujas fases são iterativas, interativas, incrementais, flexíveis e adaptáveis. Interativa porque o DT requer observação do universo que permeia o problema e interação com as pessoas envolvidas. Iterativa porque a solução requer “idas e vindas” nas fases a fim de elaborar e reelaborar a compreensão do problema e a construção da solução. Incremental pois cada fase pode ser acrescida com novas informações ao longo do tempo. Flexível e adaptável visto que há uma multiplicidade de contextos e usuários/clientes que podem intervir na criação de um produto ou serviço, ou uma ação que visa resolver uma questão problema.


Fonte: Adaptado de Vianna et al (2012).

Na literatura, não há um consenso sobre a quantidade de fases do DT. Isto posto, houve algumas variações em relação ao número de fases e ferramentas aplicadas ao Design Thinking; porém sua estrutura principal permanece: pesquisa, cocriação e prototipação, sempre com foco no participante e suas necessidades.

O processo divulgado pela IDEO, por exemplo, apresenta em DT cinco fases: descoberta, interpretação, ideação, experimentação e evolução. Ling (2015) também apresenta DT em cinco fases: empatia, definição, ideação, prototipação e teste (tradução livre). Porém, para VIANNA et al. (2012), DT é considerado em três fases: imersão, ideação e prototipação.

Na pesquisa, adotamos DT em três fases, conforme descreve Vianna et al. (2012), pois consideramos que apresenta de maneira sintética as fases que são essenciais para DT, visto que estas fases, mesmo com nomenclaturas diferentes, são encontradas nas demais referencias; além disso, há materiais e recursos em Português, o que facilita a pesquisa e até o entendimento por terceiros.

Estas fases se coadunam também com um percurso metodológico quando se trata da elaboração de produto em um mestrado profissional, na qual deve passar por conhecer o problema e todas as partes envolvidas, analisar e sintetizar os dados, propor uma solução e testar ou validá-la, para isto nos fundamentamos em Vianna as fases de DT.

A fase da imersão, por exemplo, corresponde a aproximação e entendimento do problema, que é composta por imersão preliminar e imersão em profundidade. A análise e síntese está relacionada à análise dos dados levantados e na sua organização para oferecer uma visão mais adequada do projeto. A ideação é a fase de gerar as ideias como possíveis soluções para o problema e a prototipação auxilia na validação com a realização dos testes. Uma vez avaliado, este protótipo é disponibilizado ao usuário como produto (resultado). Cada fase apresenta técnicas que podem ser aplicadas para aprofundamento da pesquisa em conhecer os usuários e seu contexto, favorecer soluções criativas e testes com o produto/serviço.

Utilizamos o Design Thinking como percurso metodológico para elaborar um produto educacional que por finalidade indica uma estrutura de roteiro de aprendizagem e orientações para sua aplicação por professores em seu contexto de ensino. Pela própria natureza do percurso adotado (iterativo, interativo e incremental), foi realizado dois ciclos de aplicação do DT para chegarmos aos resultados da pesquisa e no desenvolvimento dos produtos mencionados.

Ao final do Primeiro Ciclo de Aplicação, os resultados obtidos demonstraram necessidade de reenquadrar o problema, público-alvo e ajuste do produto educacional. Assim, na fase de imersão, iniciamos com foco em professores e estudantes da EJA (Educação de Jovens de Adultos) e pesquisamos sobre andragogia, design editorial e design de conteúdo, além de autores que fundamentassem sobre roteiros de aprendizagem. A primeira fase gerou elementos norteadores para a fase de ideação, gerando propostas de produto. Percebemos que alguns dados levantados não se mostravam relevantes para compor a estruturação do roteiro, porém, executamos a fase de prototipação com a elaboração de um roteiro de aprendizagem para validar nossa proposta. As análises que resultaram nos fizeram questionar o produto final, como o fato do perfil do público-alvo não interferir nos elementos estruturais do roteiro, assim como o design editorial, andragogia e design de conteúdo. Desta forma, decidimos retroalimentar o processo com novas informações e partir para o Segundo Ciclo de Aplicação.

Consideramos que o caminho percorrido no Primeiro Ciclo foi fundamental para direcionar o Segundo Ciclo de Aplicação. Este direcionamento culminou com a ampliação do público-alvo que passou a considerar alunos de níveis diferentes de ensino; ajustes no produto educacional que incorporou a produção de vídeos que deram suporte e complementaram as orientações para os professores aplicarem roteiros de aprendizagem.

Na infografia abaixo, demonstramos os dois ciclos de aplicação com as suas fases e resultados, de maneira ilustrada, assim como os produtos gerados ao final da pesquisa.


Para saber mais:

Dissertação Marcella Sarah


ACESSE A INFOGRAFIA DA PESQUISA COM O USO DO DT: ARQUIVO

INFOGRAFIA_DT.pdf
DEFESA_V10.pdf

Quer mais detalhes sobre a pesquisa? Click no arquivo ao lado e leia na íntegra sobre Roteiros de Aprendizagem.